quarta-feira, 16 de maio de 2012

Entrevista com Onésimo Teotónio Almeida. Capítulo II: Não exagerar.

O seu gosto do vinho é mais português ou mais americano? Na LUSAlândia, sê l(USA)landês?
Não sou nacional-vinhista. Por razões pragmáticas, aqui na Nova Inglaterra para consumo caseiro compro sempre vinho português (muito fácil encontrá-lo) e é ele que usamos para ofertas, quando a ocasião surge. Por metade do preço ou ainda menos, adquiro vinho da qualidade de badaladas marcas francesas ou italianas. E faço publicidade do que é nosso.
Nos restaurantes, se há vinho português, encomendo-o pelas mesmas razões. Não havendo, opto por chilenos ou australianos. E, claro, há sempre alguns seguros vinhos californianos. Por sinal, foi na Califórnia, em Napa Valley, que provei os melhores da minha vida. Na adega de Franz Copolla, o realizador de «O Padrinho». Sei que há outras igualmente boas, mesmo em Portugal, porém foi lá que tive acesso a especialidades fora do alcance da minha bolsa, graças a uma bióloga que ali trabalhava, filha de um casal amigo açor-californiano e morador em Napa. Tratamento VIP, toda a tarde fizeram-nos provar vinhos de altíssima qualidade (vi o preço de uma das garrafas: 800 dólares). Mas não foi esse o critério. Néctares de deuses gregos. Além da sensação inigualável ao bebê-los, a total ausência de ressaca, ou sequer ligeira dor de cabeça, na manhã seguinte. Depois de um sono suave com os anjos.
Ah! E noblesse oblige. Acontece de vez em quando ir a casa de emigrantes portugueses que fazem vinho. Há que provar e, por mais carrascão que seja, agradecer aprovativamente. Mas não exagerar porque, se nos descuidamos em simpatia, somos obrigados a levar connosco umas quantas garrafas.

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