«Para compreender o sucesso fenomenal do beaujolais nouveau, é preciso ser melhor psicólogo do que enólogo. Novembro é o mês mais triste do ano. Tempo frio, húmido, ventoso. O Verão e as férias não são mais do que fotografias. No dia 1 ou 2, visitou-se os cemitérios. O dia 11 celebra a vitória de milhões de mortos. Há sempre greves. O Natal parece ainda muito longe. Aborrece-se. Tem-se o moral nas meias. E eis que, na terceira quinta-feira, irrompe um vinho alegre, arrojado, de bochechas vermelhas, boca de Primavera, que se degusta menos do que se emborca como um elixir de juventude e de bom humor. Na melancolia do Outono, uma vontade de festa popular exprime-se através do beaujolais nouveau. A sua sorte é chegar no momento certo.
Não é senão uma curiosidade, uma felicidade de circunstância, uma gulodice temporã e apetitosa. Em Tóquio como em Nova Iorque, em Vancouver como em Seul, ele destoa, porque é um dos raros produtos a afastar-se da tradição do grande luxo à francesa. Recebe-se-lo sem cerimónias e aprecia-se — senão, porque o beberiam estes estrangeiros? — os seus aromas de pomar de padre e de canteiro de professor primário.»
Bernard Pivot, em Dictionnaire Amoureux du Vin (2006)
2 comentários:
Castanhas e beaujolais e estou jantado hoje.
O do auchan não é nada de se deitar fora. O sapojolais nouveau que tem naquele sapinho o mais bon vivant dos bon vivants. Um ícone do joie de vivre.
Os japunas ao que parece mergulham no corpo do senhor gamay, eu cá fico-me pelos copos, tal como o monsieur sapin.
Este blog tem grau. Continua.
Caraças, mas agora tenho fungos a comentar no blogue? Bom, desde que sejam todos tão simpáticos.
Saúde!
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