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Brinde
Sirvam-me vinho! Tu só, ó copo,
De entre os prazeres terrenos não és enganador;
Tu, vida dos sentidos, doçura do coração.
Amei; incendiaram-me dois olhares fatais,
Cri na amizade, menina sem asas.
Loucura dos primeiros anos, fantasma ilusório.
O amigo, a amante com o tempo fogem,
Mas tu não temes quem tudo destrói;
A idade não te fere, acresce-te virtude.
Desflorescido Abril, caídas as rosas,
Tu és quem nos ameniza os cuidados maçadores,
És tu quem nos devolve a alegria perdida.
Quem melhor sara as feridas do coração?
Se te não nos desse a próvida vide,
Seria imortal o sofrimento humano.
Sirvam-me vinho! Tu só, ó copo,
De entre os prazeres terrenos não és enganador;
Tu, vida dos sentidos, doçura do coração!
Andrea Maffei
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