Vinha de Tormes |
«Mas o que sobretudo a cativou foi o tremendo apetite de Jacinto, a entusiasmada convicção com que ele, acumulando no prato montes de cabidela, depois altas serras de arroz de forno, depois bifes de numerosa cebolada, exaltava a nossa cozinha, jurava nunca ter provado nada tão sublime. Ela resplandecia:
― Até faz gosto, até faz gosto!… Ora mais uma destas batatinhas recheadas…
― Com certeza, minha senhora! até duas! As minhas rações, em mesas destas, tão perfeitas, são sempre as de Gargântua.
― Não cites Rabelais, que a tia Vicência não conhece os autores profanos! exclamava eu, também radiante. E prova esse vinho branco cá da nossa lavra, e louva Deus que amadurece tal uva.»
Eça de Queiroz, em A Cidade e as Serras (1901)
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