UDACA. Regional Terras do Dão (Serra da Estrela). Encruzado, Malvasia Fina, Bical. Carlos Costa Silva (enol.) (?). 13,3% Vol. 2,49 € (Leclerc).
Perfume citrino (lima, vem escrito). (Fermentado em carvalho francês.) Belo corpo, fresco, maduro, um nadinha doce. Uma delícia.
domingo, 17 de março de 2013
quarta-feira, 13 de março de 2013
Bebe sempre, sob todolos pretextos
«Estes vinhos [dos países mediterrâneos], que se conhecem por nomes eufónicos, ricos de álcool, perfumados, luminosos, fortes e contrastados como a paisagem onde se criaram, têm na grande variedade das bebidas estimulantes ou refrescantes um lugar à parte, raro e nobre. O homem do povo bebe sempre, em toda a parte, e sob todos os pretextos, os vinhos comuns. No Inverno o vinho aquece e dá conforto, que tantas vezes falta nas casas; no Verão refresca, ajuda a digestão, aguça o apetite que decresce pelos grandes calores.
A cultura da vinha ultrapassa hoje, e muito, os limites do mundo mediterrâneo. Mas pode dizer-se que onde ela chega e o consumo do vinho é ainda corrente, chega também alguma coisa mais que recorda o Sul. Onde se bebe cidra ou cerveja é outra terra e outra gente.»
Orlando Ribeiro, em Portugal, o Mediterrâneo e o Atlântico. Estudo Geográfico (1945)
A cultura da vinha ultrapassa hoje, e muito, os limites do mundo mediterrâneo. Mas pode dizer-se que onde ela chega e o consumo do vinho é ainda corrente, chega também alguma coisa mais que recorda o Sul. Onde se bebe cidra ou cerveja é outra terra e outra gente.»
Orlando Ribeiro, em Portugal, o Mediterrâneo e o Atlântico. Estudo Geográfico (1945)
sábado, 9 de março de 2013
Dona Ermelinda 2011 (branco)
Casa Ermelinda Freitas. DO Palmela (Fernando Pó). Fernão Pires, Arinto, Chardonnay. Jaime Quendera (enol.). 13,5% Vol. Cerca de 3 € (Intermarché).
Fruta madura (limão, melão, meloa?) e manteiga. Muito saboroso.
Fruta madura (limão, melão, meloa?) e manteiga. Muito saboroso.
quarta-feira, 6 de março de 2013
Uma coisa viva
Quinta da Fidalga 1980 (Muito obrigado, F.) |
«Gosto de pensar na vida do vinho. Em como é uma coisa viva. Gosto de pensar sobre o que se passava no ano em que as uvas estavam a crescer. Como o sol brilhava. Se choveu. Gosto de pensar em todas as pessoas que cuidaram e colheram as uvas. E, se é um vinho velho, quantas delas devem estar agora mortas. Gosto de como o vinho continua a evoluir, de como, se eu abrisse uma garrafa de vinho hoje, ele teria um sabor diferente do que se a tivesse aberto noutro dia qualquer. Porque uma garrafa de vinho está de facto viva. E está constantemente a evoluir e a ganhar complexidade. Isto é, até atingir o auge, como o teu 61. E então começa o seu firme, inevitável declínio.
And it tastes so fucking good.»
Maya para Miles, no filme Sideways
sábado, 2 de março de 2013
Ninguém bebia
Um homem alto e louro, bem vestido. Óbvio inglês. Tweed. Lenço a enfeitar o pescoço. Fumador de cigarros Camel. Leitor de David Lodge e Julian Barnes. Sport, humor negro. Nome, John Walker. Nosso professor no primeiro ano da faculdade.
Pontualidade infame. Capaz de chegar às 8h45 para a aula das 8 horas. Começou por atrasos menores, até aprendermos a esperar por ele. Excelente português, nunca usado com os alunos. Achava ridícula a forma como se pronuncia «Titanic» em Portugal.
Um dia em que me apresentei de camisa clara e gravata escura com bonecos, fez-me ficar de pé no meio da sala pequena, entre as mesas dispostas em u. Único rapaz na turma, dez, doze raparigas. (A minha mulher.) (Estudar Literatura é muito viril. Não tanto como gravatas com bonecos.) Depois mandou-me sair, beber café, dar uma volta. Elas ficaram a descrever-me, ele a escrever no quadro. Barbudo; sombrio; misterioso. Very typical.
Outra vez perguntou-nos se fumávamos. Se bebíamos. Ninguém fumava, ninguém bebia. Possivelmente era verdade. Ele, semblante sério: «Fazem muito bem em não fumar e não beber.» Pausa. «Mas não sabem o que perdem.»
Pontualidade infame. Capaz de chegar às 8h45 para a aula das 8 horas. Começou por atrasos menores, até aprendermos a esperar por ele. Excelente português, nunca usado com os alunos. Achava ridícula a forma como se pronuncia «Titanic» em Portugal.
Um dia em que me apresentei de camisa clara e gravata escura com bonecos, fez-me ficar de pé no meio da sala pequena, entre as mesas dispostas em u. Único rapaz na turma, dez, doze raparigas. (A minha mulher.) (Estudar Literatura é muito viril. Não tanto como gravatas com bonecos.) Depois mandou-me sair, beber café, dar uma volta. Elas ficaram a descrever-me, ele a escrever no quadro. Barbudo; sombrio; misterioso. Very typical.
Outra vez perguntou-nos se fumávamos. Se bebíamos. Ninguém fumava, ninguém bebia. Possivelmente era verdade. Ele, semblante sério: «Fazem muito bem em não fumar e não beber.» Pausa. «Mas não sabem o que perdem.»