O Sr. António José da Costa Carreira saiu a porta a que chamámos já oferecendo um aperto de mão; acto contínuo, encaminhou-nos para a adega. Respondeu com parcimónia às minhas perguntas. Em poucos minutos, estávamos aviados: 10 litros de «Fernão Pirão», 11 euros.
Conformados a ir à nossa vida, o Sr. António, num tom franco, interpelou-nos familiarmente: ― «Querem provar alguma pinga?» Pois não havíamos de querer! Desapareceu por um instante; quando voltou, trazia dois grossos copos de vidro um tanto baço, que acabara de enxaguar e vinha ainda esfregando com os dedos. Provámos as «pingas» de Castelão que ia extraindo das cubas, variadas no grau alcoólico e no pertencente designativo técnico: água-pé, «Fórmula 1», «supersónico». Conversámos um bom bocado, até serem horas de almoço: depois despedimo-nos, consolados e agradecidos, comprometendo-nos a voltar pelos vinhos de beber do Monte Carreira.
Tarde em Fernando Pó |
O próprio José Bento da Silva Freitas apareceu para nos atender. O velho senhor, ouvindo mal, foi parco em palavras: compreensivelmente, não estava na disposição de fazer sala a forasteiros. Foi o tempo de lhe comprarmos o excelente tinto que eu conhecera na Mostra, o Casal Freitas 2008, e de sabermos que o obreiro destes vinhos também é Jaime Quendera. Seguimos caminho.
Avançando de novo para o apeadeiro de Fernando Pó, parámos junto ao portão aberto da Freitas & Palhoça. Era o adegueiro Marcolino Cardoso quem estava. Sem hesitar, conversador e simpático, levou-nos a ver a adega, deu-nos a provar algum vinho, fez explicações; teve mesmo a gentileza de nos ofertar uma garrafa. Tomaram muitos proprietários ser tão capazes para o negócio: mais importante do que um enoturismo organizado é uma pouca de boa hospitalidade ― e até fica mais em conta.
Longe da Economia, do Mercado, da Crítica e de outras feras, Portugal vive. É preciso regressar a Fernando Pó.
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