sexta-feira, 25 de setembro de 2015
Chão do Prado 2014
António João Paneiro Pinto. DOC Bucelas. Arinto, Esgana-Cão. Paulo Laureano (enol.). 12% vol. Cerca de 4 € (El Corte Inglés).
Cheira a pêra madura. Na boca sente-se o mesmo aroma, mas está um branco essencialmente citrino e muito vibrante. A par do Morgado de Bucelas (não comparando, mas será um exercício interessante), é um dos meus Bucelas preferidos: esperto, modesto, típico, livre de mariquices e saloiadas. Quer dizer, se é esperto e de Bucelas, pode-se falar em esperteza saloia. Mas não é nenhum «wine of Shakespeare». (Inventado por inventado, mais valia irem chul—chatear o Camões.) Rejubilemos.
4 comentários:
Camões, para mal dos nossos pecados, não deixou registo em nenhum sitio que gostava de Bucelas. O malandro!
Já viu, têm sempre de ser os "estrangeiros" a valorizar o que é nosso. Cá ninguém dá valor!
Belo bost, um abraço!
É que o Camões, com o seu olho cego, anteviu que lhe usariam o nome e as bravas fuças para fazer comércio, acaso lhe escapasse uma declaração de amor ao vinho de Bucelas tão babosa, e flagrante, e imortal como a de Shakespeare: «E eis, vizinho, aqui está uma taça de charneco.» Fodeu-se! — como dizia o poeta à espadeirada.
O Vinho de Camões também não teria sainete nenhum. Só se fosse The Wine of Camones. Não há como o inglês. Mesmo monhé.
Boas são as discussões boas e os argumentários dos que têm argumentos; boa é a independência, a astúcia e a livre resposta e a não indignação. Bom é para mim que aqui venho e para o lado B que deve haver. "Boa é a vida, mas melhor é o vinho." escreveu outrora o cá e lá amado.
"The Wine of Camones" até pode dar um sentido duplo à coisa.
Gostei!
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