Pois não é que o velho e bom Castelão estreme foi preterido por um misto — tipo, um blend — de Syrah, Castelão e Cabernet Sauvignon? Ou talvez sejam outras castas quaisquer, porque a ficha do vinho na Bacalhôa também está blended: indica-se este trio de uvas, mas descreve-se a vinificação como dantes:
Produzido 100% a partir da casta Castelão (Periquita), oriunda de vinhas da denominação de origem Palmela. Os solos arenosos, o clima temperado quente que caracteriza esta região e as vinhas velhas de alta densidade de plantação constituem as condições ideais para a obtenção das uvas de grande qualidade que utilizamos. Método clássico de vinificação.
Eu quero trasladar para aqui, não vá também desaparecer, o que Filipa Tomaz da Costa, a experiente enóloga da Bacalhôa (já conta, pelo menos, trinta vindimas), escreveu num fórum internético em 2008:
No caso do Castelão, a casta tinta rainha de Setúbal, já reparou que nesta região já fazíamos monocastas mesmo antes de estarem na moda?
Esta casta tem o seu maior potencial aqui na Península de Setúbal. É uma casta que eu comparo um pouco aos Pinot Noir da Borgonha. Quando a fruta é de qualidade e bem vinificada, origina grandes vinhos, mas não se compadece com grandes produções...
Ela é a base do nosso vinho JP Garrafeira, agora chamado de JP Private Selection DOC Palmela. Esta marca tem um estilo muito próprio e que eu acho engraçado, devido a ser quase único na região.
Tem um estilo um pouco tradicional, o que me encanta, uma vez que hoje em dia não há nada parecido. É um vinho para acompanhar uma refeição. Não dizem que os vinhos estão massificados? Aqui é uma prova do contrário. Já estou a divagar! Pergunta se tem boa aceitação? Temos uma óptima aceitação nos mercados nórdicos e em Inglaterra, e em crescimento.
Mas então, dão-se os anéis valiosos e fica-se com imitações banais?
Nada se perde, tudo se transforma? Vê-se que Lavoisier não era portuga.
3 comentários:
Pouco faltará para o Moscatel de Setúbal com Sémillon.
É melhor não lhes darmos ideias...
Eu concordo, nada se perde, tudo se transforma. O mesmo acontece com o vinho. Eu trabalho em alguns restaurantes em itaim bibi especializados em vinho. Isso é o que eu gosto do vinho, a sua versatilidade.
Enviar um comentário