Não fiz nada, bem sei, nem o farei
Não fiz nada, bem sei, nem o farei,
Mas de não fazer nada isto tirei,
Que fazer tudo e nada é tudo o mesmo,
Quem sou é o espectro do que não serei.
Vivemos aos encontros do abandono
Sem verdade, sem dúvida nem dono.
Boa é a vida, mas melhor é o vinho.
O amor é bom, mas é melhor o sono.
Fernando Pessoa (1931)
terça-feira, 31 de dezembro de 2013
quarta-feira, 25 de dezembro de 2013
Coríntios 11:23-25
«De facto, eu recebi do Senhor aquilo que vos transmiti. Isto é, que o Senhor Jesus, na noite em que foi entregue, tomou pão, deu graças a Deus, partiu-o e disse: “Isto é o meu corpo, entregue para vosso benefício. Façam isto, em memória de mim.” Do mesmo modo, no fim da ceia tomou o cálice e disse: “Este cálice é a nova aliança feita através do meu sangue. Sempre que dele beberem, façam-no em memória de mim.”»
sábado, 21 de dezembro de 2013
quarta-feira, 18 de dezembro de 2013
Natureza mortiça
Derradeira colheita em Castelão puro do Djei Pi Praivâte Salécxane, antigo JP Garrafeira |
segunda-feira, 16 de dezembro de 2013
Lavoisier era franciú
Pronto. Tanto andaram, que conseguiram acabar de matar o velho JP Garrafeira. Já há anos o tinham rebaptizado como «JP Private Selection». Rebaptizar! O que fizeram foi deitar fora o nome e arranjar — tipo — um naming, porque os vinhos precisam ganhar naming no mercado. Depois, um bebedor chinês que topasse com o bom JP Garrafeira certamente o veria com maus olhos em bico, derivado — hã — à falta de sainete.
Pois não é que o velho e bom Castelão estreme foi preterido por um misto — tipo, um blend — de Syrah, Castelão e Cabernet Sauvignon? Ou talvez sejam outras castas quaisquer, porque a ficha do vinho na Bacalhôa também está blended: indica-se este trio de uvas, mas descreve-se a vinificação como dantes:
Eu quero trasladar para aqui, não vá também desaparecer, o que Filipa Tomaz da Costa, a experiente enóloga da Bacalhôa (já conta, pelo menos, trinta vindimas), escreveu num fórum internético em 2008:
Mas então, dão-se os anéis valiosos e fica-se com imitações banais?
Nada se perde, tudo se transforma? Vê-se que Lavoisier não era portuga.
Pois não é que o velho e bom Castelão estreme foi preterido por um misto — tipo, um blend — de Syrah, Castelão e Cabernet Sauvignon? Ou talvez sejam outras castas quaisquer, porque a ficha do vinho na Bacalhôa também está blended: indica-se este trio de uvas, mas descreve-se a vinificação como dantes:
Produzido 100% a partir da casta Castelão (Periquita), oriunda de vinhas da denominação de origem Palmela. Os solos arenosos, o clima temperado quente que caracteriza esta região e as vinhas velhas de alta densidade de plantação constituem as condições ideais para a obtenção das uvas de grande qualidade que utilizamos. Método clássico de vinificação.
Eu quero trasladar para aqui, não vá também desaparecer, o que Filipa Tomaz da Costa, a experiente enóloga da Bacalhôa (já conta, pelo menos, trinta vindimas), escreveu num fórum internético em 2008:
No caso do Castelão, a casta tinta rainha de Setúbal, já reparou que nesta região já fazíamos monocastas mesmo antes de estarem na moda?
Esta casta tem o seu maior potencial aqui na Península de Setúbal. É uma casta que eu comparo um pouco aos Pinot Noir da Borgonha. Quando a fruta é de qualidade e bem vinificada, origina grandes vinhos, mas não se compadece com grandes produções...
Ela é a base do nosso vinho JP Garrafeira, agora chamado de JP Private Selection DOC Palmela. Esta marca tem um estilo muito próprio e que eu acho engraçado, devido a ser quase único na região.
Tem um estilo um pouco tradicional, o que me encanta, uma vez que hoje em dia não há nada parecido. É um vinho para acompanhar uma refeição. Não dizem que os vinhos estão massificados? Aqui é uma prova do contrário. Já estou a divagar! Pergunta se tem boa aceitação? Temos uma óptima aceitação nos mercados nórdicos e em Inglaterra, e em crescimento.
Mas então, dão-se os anéis valiosos e fica-se com imitações banais?
Nada se perde, tudo se transforma? Vê-se que Lavoisier não era portuga.
quinta-feira, 12 de dezembro de 2013
Ubuntu
Lembrei-me de partilhar consigo, leitor, a minha lista de compras vinárias para os próximos dias, rebuscada nos folhetos dos supermercados. Neste tempo algo barbárico onde calhámos, é um pequeno gesto, modestíssimo, de ubuntu: uma forma de sermos uns para os outros.
Lidl
Chaminé tinto (3,19 €)
Valle Pradinhos tinto (7,99 €)
Pingo Doce
Paulo Laureano Clássico tinto (1,99 €)
Adega de Pegões Colheita Seleccionada tinto (3,49 €)
Offley Porto Tawny 10 anos (7,49 €)
Adenda | No noticiário das 15h da TSF, ouviu-se Cavaco Silva (Sovaco* Silva, segundo aquele crianço da Orquestra Geração) embolar a palavra «ubuntu». Parecia que um membro da Academia Ubuntu lhe estava administrando a manobra de Heimlich. Deplorando a coincidência, devo esclarecer que, não só ignoro escrupulosamente a agenda de Cavaco, como VIVA EL-REI!
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Lidl
Chaminé tinto (3,19 €)
Valle Pradinhos tinto (7,99 €)
Pingo Doce
Paulo Laureano Clássico tinto (1,99 €)
Adega de Pegões Colheita Seleccionada tinto (3,49 €)
Offley Porto Tawny 10 anos (7,49 €)
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Adenda | No noticiário das 15h da TSF, ouviu-se Cavaco Silva (Sovaco* Silva, segundo aquele crianço da Orquestra Geração) embolar a palavra «ubuntu». Parecia que um membro da Academia Ubuntu lhe estava administrando a manobra de Heimlich. Deplorando a coincidência, devo esclarecer que, não só ignoro escrupulosamente a agenda de Cavaco, como VIVA EL-REI!
* «Sei que alguém gostaria de me perguntar: você fala em cu e boceta, mas usa axila em vez de sovaco. Porquê? A resposta é muito simples. Cu e boceta têm uma obscenidade fáustica, que ainda resiste ao uso e abuso desses termos nos dias atuais. Mas sovaco é uma palavra vulgar, de uma trivialidade reles e fosca.» ― Rubem Fonseca, em Axilas & Outras Histórias Indecorosas (2011)