sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Vinhos essenciais

Um copo de Velletri
O Francisco José Viegas possui um talento raro entre os romancistas, os cronistas e até os críticos da especialidade contemporâneos: sempre que toca em assuntos de gastronomia, a sua escrita desperta apetites irresistíveis. A Academia Portuguesa de Gastronomia reconheceu-o em 2007, quando lhe atribuiu o Grande Prémio da Cultura e Literatura Gastronómica.
Na altura, Francisco José Viegas escrevia na «Notícias Sábado», revista do «Diário de Notícias» e do «Jornal de Notícias». Conservo algumas dessas páginas de tentação, preenchidas com charutos, cervejas e receitas de cozinha, que se liam já com delícias.
Há dois anos, numa crónica sobre Roma, publicada na revista «Volta ao Mundo», ele falava de um certo restaurante, onde se serve «a mais genuína comida romana», — e evocava os seus vinhos: «temperados e frios, essenciais».
Eu, que tive, entretanto, a felicidade de jantar nesse bendito restaurante e de provar os vinhos, o branco e o tinto, trazidos à mesa em jarros de vidro, senti-me grato à prosa inspirada e generosa do Francisco José Viegas.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Rudimentos de gastronomia

«XI. A ordem dos comestíveis é dos mais substanciais aos mais ligeiros.

XII. A ordem das bebidas é das mais temperadas às mais capitosas e às mais perfumadas.

XIII. Pretender que não é preciso mudar de vinhos é uma heresia; a língua satura-se; e, depois do terceiro copo, o melhor vinho não suscita mais do que uma sensação obtusa.»

Brillat-Savarin, em «Fisiologia do Gosto»

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Boas festas

Bebi, no período das festas, incontáveis copos de vinho. Na maioria, eram vinhos que ainda não provara.
Penitencio-me por não ter tirado notas, mesmo se as circunstâncias não fossem as mais apropriadas. No entanto, tomo sempre sentido no vinho. Não me perco a esquadrinhar o seu mistério, mas reparo na sua qualidade e no bem que me sabe.
De entre esses vinhos que bebi, conservo na memória o Ribamar Garrafeira 2006, um tinto da Estremadura, frutado e tradicional; o Frei João 2005, tinto, confiável bairradino, uma colheita no ponto; o Conde de Sabugal 2006, tinto, um Douro maduro e aprazível; o amo.te 2009, um tinto alentejano temperado e uma agradável surpresa, não obstante o nome; o Vinha Paz Reserva 2006, forte tinto, um rico Dão; e o Três Bagos 2009, um branco duriense de cor viva, aromático e refrescante.
Foram bem boas, as festas.