quarta-feira, 30 de julho de 2014

O perfume do tempo

«The business of life is the acquisition of memories. In the end, that's all there is.» O negócio da vida é a aquisição de memórias. No fim, é tudo o que há.

A cogitação é de Mr. Carson, mordomo — e adegueiro, e escanção — de Downton Abbey. Havemos de ir a Yorkshire, shall we?

Aí ficam duas aquisições recentes. O Casal da Azenha Reserva Velho 1960 foi uma alegria que o Barrete Saloio nos deu. Uma cortesia entre Inácios, para nos consolar da falta do Morgado de Bucelas.

Aroma gordo, balsâmico, de café, carne, especiarias e sei lá
que mais. Excelente com o toucinho do céu da D. Fernanda.

Essoutra memória, o José de Sousa 1998, adquiri-a particularmente, numa tardinha de domingo. No mesmo dia, ao almoço, tivemos Tapada do Chaves 2000 branco. Ambos agradaram muito. Como notou a dona da casa, tinham perfume.

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Soluço de grande intensidade

SMS recebido:
Estou a ver anúncio a novo vinho da Herdade do Peso. Trinca Bolotas. Grande intensidade aromática, dizem. Gosto do nome.

SMS enviado:
Também gosto do nome. Da grande intensidade aromática nem tanto. De um modo geral a grande intensidade aborrece-me. É coisa para adolescentes e jovenzinhas.

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Maridagens sushinesas

Dois vinhos supimpas para acompanhar sushi (nós usamos mais dizer sushinês, que é o misto de comidas de olhos em bico que às vezes compramos): JP rosicler (no caso vertente de ontem, o 2012) e Terra d'Alter Viognier (ibidem, o 2013).

Chin-chin!

Soluço cândido

Certo bom rapazinho de ainda nem 25 anos vinha jantar, maila namorada, ao nosso Cafofo. Perguntou se havia de trazer vinho. Respondi-lhe com a pilhéria do costume:

― É claro que não precisas trazer nada, mas, se quiseres, só não vale repetir o Quinta da Mimosa. Traz Mouchão, por exemplo.

― Teu chão?

Mouchão. É baratinho.

― E onde é que há disso?

― Em todo o lado. Caso não encontres, traz Barca Velha, ou assim.

― Está bem. Mas quantas? E é branco ou é tinto?

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Rosicler

Ando com uma vontade de rosés, que nem lhes digo nada, amigos. Culpa do bom do Malhadinhas cor-de-rosa, que topei há tempos num supermercado fornecido pela distribuidora Garcias (não o encontro em mais nenhures, nem nos Supercor, onde há o branco e o tinto) e me acendeu esta sede nova. A cor muito bonita, com certa feição prometedora de secura; os aromas delicados e vinosos, ao invés de exuberantes e melosos; enfim, os sabores secos prometidos, maila frescura e a formosura apetecidas. Bendito Malhadinhas!

Depois desta aparição, tenho bebido outros rosés muito bons: o Terra d'Alter*, australentejano de Peter Bright; o do Pingo Doce, da Cooperativa de Santo Isidro de Pegões (medalha de prata em Bruxelas!), feito só de Castelão pelo infalível Jaime Quendera; um Ribera del Duero chamado Viñarroyo, 100% Tempranillo, com uma acidez soberba, descoberto no Rubro do Campo Pequeno; o Beyra, outro Tempranillo estreme (curiosamente, usa o nome espanhol da casta, mas acompanhado do português, Tinta Roriz), maravilhoso, ao nível dos brancos da mesma lavra; só para completar o ramalhete rosicler, ajunte-se o JP, malgrado a tampa de rosca e um tantinho de álcool a mais, que o Moscatel Roxo, o carácter bem seco e, já agora, o preço largamente compensam.

Saúde, leitores!

* Prove-se o Terra d'Alter tinto de 2013 quanto antes, novinho como está. «That age is best which is the first, / When youth and blood are warmer». Além de evocar estes versos, fez-me pensar em vinho de talha!