quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Grandes talagadas

Por falar em Periquita e no Brasil, aqui fica mais um pouco de grande arte. («Minha arte é maior ainda: eu amo aqueles que me amam.»)

«Raul chegou com uma garrafa de Periquita debaixo do braço.
“Tem lugar no Brasil em que periquita é xoxota. Por isso comprei este vinho para nós tomarmos.”
“J. M. da Fonseca. É um bom vinho português.”
“Esses galegos inventam cada nome”, disse Raul. “Você conhece aquela do português que foi ao médico e botou o pau pra fora pedindo para ser examinado?”
Abrimos o Periquita.
“Certos vinhos podem ser bebidos em grandes talagadas, fora das refeições, como um refresco inebriante. Este, porém, iria melhor com umas tripas à moda do Porto.”
Bebemos o vinho estalando a língua e emitindo outros sons não vocabulares.»

Rubem Fonseca, em A Grande Arte (1983)

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