Outros dados biográficos relevantes, encontra-os o leitor no sítio da Direcção-Geral do Livro e das Bibliotecas e, em inglês, numa página da Universidade Brown, onde Onésimo lecciona.
Se havia de ser frugal, esta entrevista saiu lauta e sustanciosa — boa para nos consolarmos da bruteza do Mundo. Um banquete que, por não sermos, o leitor e eu, nenhuns glutões, será sobriamente servido em três apetitosos capítulos.
Até lá, tomemos como aperiente o seguinte trecho de um outro colóquio com Onésimo:
«Gosto de humor em qualquer situação. É uma óptima ferramenta para sublinhar uma ideia, torna-a mais interessante. Quanto à ironia, é sempre preferível ao sarcasmo, porque pede mais distância. O sarcástico é muito envolvido e emotivo, com fúria e raiva. Como aquele tipo que vai ao parlamento e diz — “Bandido, gatuno, meu cabrão!” Vem o polícia e diz — “O que se passa lá dentro?” “Nada, estão a fazer a chamada dos deputados.”
E a ironia?
É mais como o tipo que vai a uma casa de chá, onde estão senhoras educadas, e pergunta — “Há aqui algum sítio onde se possa mijar?” As senhoras respondem: — “Olhe, o senhor, naquele corredor, vira à direita, na segunda porta está escrito ‘cavalheiros’. Não faça caso, entre.” A ironia não é aquela coisa portuguesa do escárnio e do maldizer.»
2 comentários:
Grande intelectual das nossas letras e do nosso pensar, sem dúvida! E do mundo! Admiro, sobretudo, o seu humor cordial e a sua enorme generosidade para com o outro. O que não o impede de ser crítico e acutilante na sua observação do real e de captar o ridículo como ninguém. Mas fá-lo sempre com imenso respeito e cordialidade. Admirável!
Vai gostar da entrevista, Ana.
Obrigado pela visita.
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