segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Batem forte, fortemente

A ler com atenção, a crónica de Jancis Robinson sobre as razões da escalada do grau alcoólico do vinho nos últimos anos.
«Os economistas do vinho foram capazes de mostrar que o aumento dos níveis médios de álcool era muito maior do que podia ser explicado por qualquer mudança no clima, e concluíram: “as nossas descobertas levam-nos a pensar que a subida do teor alcoólico do vinho é principalmente obra humana”. Apontaram em particular “preferências dos consumidores em evolução e pontuações de peritos” como mais provável a ter feito subir os níveis de álcool. Por outras palavras, os produtores de vinho entendem que tanto consumidores como especialistas querem vinhos com um sabor mais maduro, taninos mais suaves e acidez mais baixa (os níveis de ácidos caem à medida que as uvas amadurecem), e optaram deliberadamente por fazer colher as uvas mais tarde do que em tempos foram.»

3 comentários:

Hugo Mendes disse...

Meu caro, belo post.
Se me permite a deixa. Penso que o álcool é consequência. O que importa é o amadurecimento dos restantes componentes que de outra forma levariam anos (ou requeriam outros tipos de tecnologia) a conseguir. É tudo uma questão de velocidade, de rapidez no retorno, é o mundo com a sua pressa.
É uma forma de “iludir” os Parker e os painéis cegos desta vida. São vinhos mais directos e muito mais fáceis de avaliar. Não requerem tempo nem para se fazerem, nem para se apreciarem.
Abraço
HM

João Inácio de Paiva disse...

Boa tarde, Hugo.
Não só permito como agradeço as suas deixas, para mais em assuntos de técnica.
Aliás, aproveito para lhe perguntar: acha que isto que diz Jancis Robinson é também o que se verifica em Portugal?

Hugo Mendes disse...

Obrigado João,
A minha opinião vale apenas isso, mas sim, penso que é um fenómeno global. Alicerçado no nosso caso num complexo de inferioridade aliado a um outro de atraso (achamos sempre que os outros vão muito mais adiantados em tudo e, não é verdade!). Tenta-se agradar os Parker com imitações dos americanos que, por sua vez foram imitações dos franceses, que por causa do Parker começaram a imitar os Americanos,…. Enfim, está a ver onde isto nos leva. Uma confusão de homogeneidade.
Há que defender, se possível as castas e as intervenções portuguesas e feitas no tempo que têm de ser feitos.
Sou contra vinhos feitos à pressa e penso que o caminho é o da educação dos consumidos e progressivo ajustamento à verdade do vinho. a tecnologia apenas nos disponibiliza mais cedo o que a natureza leva tempo a fazer.